Uma das coisas boas que a brincadeira das trilogias me deu foi um contacto mais próximo e atento com duas cozinhas, diferentes, naturalmente, mas ambas da capital, a da Ana e a do Luís. E foi este belo post do Luís sobre as pataniscas que me levou a fazer uma brincadeira, ou variação sobre as ditas e acompanhantes.
Das duas versões que o Luís refere, preferi as espalmadas da Madragoa, aqui numa versão com bacalhau cru, sem alho e acompanhadas com o inventado arroz de feijão vermelho.
O resultado? Bem fixe.
Para as pataniscas, usei cerca de 200 g de bacalhau demolhado, sem pele nem espinhas. Passei-o pelos dedos, esmagando-o até obter pedaços pequenos que reservei. Fiz um polme com cerca de 150 g de farinha com fermento e um ovo, a que juntei leite até obter uma massa homogénea e líquida qb, como refere o Luís, "a escorrer da colher". Juntei então meia cebola grosseiramente picada, pimentas várias moídas, o bacalhau e um raminho de salsa picada. Envolvi tudo e deixei um bocado a repousar. Cobri o fundo duma frigideira com meio centímetro de azeite, deixei aquecer, baixei o lume para a posição 6 (de 12) e fui juntando colheres do preparado. Ao fim de cerca de um minuto e pouco (tempo de alourar), virei. Deixei fritar do outro lado e meti as pataniscas numa cama de papel de cozinha para secarem. Repeti o procedimento até acabar a massa.
Para acompanhar, um arroz, não de tomate nem de grelos, mas de feijão. Piquei grosseiramente a outra metade da cebola e deitei-a num tacho de fundo grosso, com um fundo de azeite, uns dentes de alho esmagados e umas rodelas de chouriço de porco preto. Temperei com uma folha de louro e um pouco de pimenta. Deixei refogar até a cebola estar translucida, juntei uma chávena de feijão vermelho cozido e outra de arroz carolino e envolvi. Adicionei água (o triplo do volume do arroz) e deixei levantar fervura. Reduzi o lume para o mínimo e deixei cozer doze minutos. Juntei então salsa picada, desliguei o lume e deixei mais uns minutos a harmonizar sabores.
A ligação destas pataniscas feitas com bacalhau cru e com leite incorporado no polme e o arroz de feijão com o chouriço revelou-se muito feliz, mas a pedir algum cuidado na escolha do vinho. Lembrei-me do Quinta da Covada branco de 2011, de que já tinha dado nota aqui. Na altura achei-o bom, francamente bom, ao preço, mas estava longe de imaginar quão bom ele ficaria ao fim de tão pouco tempo. No primeiro ataque ao nariz, respira-se Douro, sem dúvida, mas depois há mineralidade, há complexidade, há claramente uma intenção de fazer um vinho diferente. E o João Pinto fez um belo vinho com as castas naturais do Douro, fugindo ao unanimismo da prova fácil e da baunilha da barrica e apresenta um vinho austero, com grande aptidão gastronómica, capaz de acompanhar este prato. E se o prato foi uma bela surpresa, o vinho foi a cereja no topo do bolo :)
Olá Amândio!
ResponderEliminarVim de visitar As Outras Comidas, é um blog que muito admiro e considero. Gostei da sua receita de pataniscas, e vou experimentar,as minhas gosto delas bem gordinhas mas para isso tenho que as fritar em mais óleo. E o arroz assim, é que é um bom arroz. O Garficopo ainda não conhecia, também ainda sou principiante nestas lides de blogs... mas na cozinha e na nossa, não me assusto. Gostei deste bocadinho.
Um beijinho.
Fiquei com saudades de boas pataniscas...
ResponderEliminarBeijinhos.