domingo, 25 de maio de 2014

Vinhos, apenas... (em harmonia)




 
Esta crónica vem dar nota de alguns vinhos provados num jantar de amigos, escolhidos a dedo por mim, para fazerem uma sequência com alguma lógica e acompanhar bem os pratos servidos.

 
O primeiro vinho a ser servido foi um Loureiro ("temperado" com 15% de Alvarinho) do Eng. João Portugal Ramos. Depois de ter entrado na região dos Vinhos Verdes e ter lançado um belo Alvarinho em 2012, lançou agora um Loureiro da colheita de 2013. Barato, simples e muito bem feito, custa menos de quatro euros e vai ser uma das escolhas óbvias de muitos apreciadores e enófilos. Muito fresco e agradável, foi bebido assim, sem precisar de comida. Agradou e muito. Para apreciar o verão que está a chegar :)
 
(vinho enviado pelo Produtor)
 
Logo a seguir, o vinho da noite, um Quinta das Bágeiras branco da colheita de 1995. Um branco crescido, grande, feito com Bical das vinhas do Mário Sérgio Alves Nuno. Mais de dezoito anos após a colheita, continua fantástico. Um hino aos brancos da Bairrada que esteve muito bem a acompanhar uns folhados de alheira de caça servidos como entrada e que ainda brilhou a acompanhar uma feijoada de samos e línguas de bacalhau como a que referi aqui.
 
 
Ainda com o mesmo prato, abriu-se um Dom Ferro Avesso 2009, da Quinta do Ferro, situada em Baião e que mostrou que a casta Avesso bem vinificada tem capacidade de evolução e que cinco anos após a colheita, ainda dá muito prazer a beber (dica: em alguns supermercados Continente ainda se encontra a pouco mais de cinco euros, pelo que vale a pena tentar arranjar uma ou duas para provar).
 
O prato seguinte foi um arroz de polvo com filetes do mesmo parecido com este. O Dom Ferro ainda acompanhou bem e depois foi a hora de passar ao Quinta da Covada 2011, um vinho do João Lopes Pinto já aqui referido e que esteve em muito bom nível a mostrar que tem anos pela frente :)
 
 

 
Continuou-se com um entrecosto de porco marinado em vinha de alhos, assado no forno com as mandatórias batatas. Primeiro vinho tinto da noite e um retorno a João Portugal Ramos, um Quinta da Viçosa 2005 Touriga e Merlot e uma revisita a um dos meus vinhos preferidos, já que em todas as edições é feito com castas diferentes, sempre com um portuguesa e outra estrangeira. É feito em Estremoz, mas é fresco, complexo e dá um enorme prazer na prova. Um grande vinho que se pode beber agora ou esperar mais uns anitos :)
 
Continuando o alinhamento e ainda com o entrecosto, um regresso ao Douro e ao João Pinto, com o Quinta da Covada Reserva 2010. É a quarta colheita (a primeira foi em 2007) e já se afirma como um dos bons vinhos do Douro, com uma relação qualidade preço muito interessante. Continua em grande forma :)
 
 
Para rematar o jantar, um bolo de amêndoas, doce de chila, laranja cristalizada e fios de ovos como este e que fez boa companhia a um Porto honesto e muito bem feito, o Cruz de 10 anos.
 
 
 

domingo, 18 de maio de 2014

Terras de Tavares Reserva 2003



 
Gosto muito dos vinhos do João Tavares de Pina, feitos na Quinta da Boavista, em Penalva do Castelo. Depois do Encruzado 2008 e do Rufia 2012 de que tinha deixado nota, chegou a vez de provar o Reserva de 2003. É feito com Touriga Nacional e Jaen e tem uns normais 13,5º de álcool. Quase onze anos após a colheita, continua em grande forma e começa a entrar na idade adulta. De cor rubi a começar a atijolar na borda do copo, tem notas de terra, pinhal e alguma fruta, notando-se menos as notas florais do tourigo... Impressiona pela frescura e por alguma secura que nos dá sempre vontade de servir mais um bocadinho. Excelente estrutura, que lhe permite acompanhar pratos fortes, como uma grãozada com enchidos e pernil de porco fumado. Belo vinho.

 

sábado, 17 de maio de 2014

Migas de Broa, Couve, Farinheira e Bacalhau | Quinta do Perdigão Rosé 2013



 
Este prato foi feito a partir deste, com algumas adaptações.
 
Comecei por escalfar um lombo de bacalhau e umas folhas de couve coração. Limpei o bacalhau de pele e espinhas e lasquei-o. Cortei as couves grosseiramente e reservei. Levei ao lume um tacho de fundo grosso com azeite, alho picado, mistura de pimentas e uma malagueta seca partida à mão. Juntei uma farinheira em pedaços e broa picada com a faca (pode ser desfeita na picadora, mas prefiro-a assim, a deixar sentir a textura) e envolvi tudo. Juntei a couve e o bacalhau, envolvi e finalizei no forno, num tabuleiro de barro até harmonizar sabores. Antes de levar ao forno, reguei com um fio de azeite.

 
Para acompanhar escolhi um dos meus rosados favoritos, o da Quinta do Perdigão aqui na edição de 2013. Feito com 50% de Touriga Nacional, 20% de Tinta Roriz, outros 20% de Jaen e 10% de Alfrocheiro. Este lote típico do Dão resulta muito bem. O vinho é fresco, elegante e tem uma excelente aptidão gastronómica. Ligou muito bem com este prato.
 

quinta-feira, 1 de maio de 2014

Torre de Tavares Encruzado 2008

 
O Dão dá muitos bons vinhos feitos a partir de Encruzado, todos diferentes e muitos com muito caracter, como este Torre de Tavares, do João Tavares de Pina. Ao fim de quase seis anos após a colheita, está um vinho crescido (roubei a expressão ao Hugo Mendes, autor do Wizard Apprentice), com uma bela cor, fresco e mineral, complexo, pronto para acompanhar pratos com alguma intensidade, como esta caldeirada. Belo vinho...


Vila Flor Branco 2012

 
Vinho da gama de entrada da Casa d'Arrochela, de Bernardo Alegria, com enologia de Luís Soares Duarte. Custa cerca de três euros, é fresco, fácil de beber e amigo da mesa. Gostei muito de o provar a acompanhar um arroz de pescada e camarão. Bela ligação :)


Rufia 2012



 
Touriga Nacional, Jaen e Rufete compõem este vinho do João Tavares de Pina, feito na Quinta da Boavista, em Penalva do Castelo. O nome fica-lhe a matar, já que o vinho é mesmo um Rufia. Tem notas florais e de bosque, taninos ainda um pouco rebeldes e é fresco e mineral. Excelente para acompanhar pratos com alguma substância como os da cozinha tradicional da Beira Alta, esteve muito bem com este cozido feito com moira de Lamego, pernil de porco fumado, chouriço de porco preto e galinha. Um Dão muito porreiro :)

 

Terras do Demo Reserva Tinto 2008

 
Vinho da Cooperativa Agrícola do Távora, de Moimenta da Beira, mais conhecida pelos seus espumantes. Este tinto reserva de 2008 é feito com Tourigas Nacional e Franca, Alvarelhão e Tinta Barroca. Tem uma bonita cor rubi não muito carregada e não é muito encorpado. Estagiou em madeira usada. É um vinho diferente do que se está habituado e que foge à frutinha fácil, apontando mais para a terra. Com os quase seis anos de vida, ainda está jovem mas já pronto para a mesa. Esteve muito bem a acompanhar um bife de cebolada com umas batatas novas a murro. Com um preço a rondar os quatro euros é uma aposta mais que segura. Gostei muito.


Tons de Duorum Branco 2013



 
Vinho feito pelo Eng. José Maria Soares Franco com Viosinho, Rabigato, Verdelho, Arinto e um pouco de Moscatel Galego de vinhas situadas em solos xistosos entre os quatrocentos e os seiscentos metros de altitude, no Douro Superior. Abre com as notas do moscatel, ligeiro vegetal e notas cítricas. É fresco e tem uma boa acidez e bebe-se bem assim a solo ou a acompanhar comidas ligeiras como saladas ou mariscos, mas aguenta perfeitamente um prato mais elaborado, como um lombo de bacalhau confitado em cebola e alho, com um pouco de pimenta e umas tirinhas de pimento vermelho com batatas a murro a acompanhar. Encontra-se à venda em toda a parte e custa € 3,99 e como é apanágio dos vinhos de João Portugal Ramos, a relação qualidade preço é muito boa.

 
(vinho enviado pelo Produtor)