quarta-feira, 29 de junho de 2011

34ª Trilogia, a do Café - Café com Leite Condensado e Whisky

Esta foi a trilogia do cento. Cem, cento e uma e cento e duas preparações depois de 34 semanas destas trilogias. A trilogia do café, a mando da Ana. Para a semana há mais centos, mas foi esta semana que se entrou nos 100' s e logo com uma bela tarte da Ana. E com um assertivo Irish-Coffee do Luís. E com esta minha preparação que leva quase o mesmo que o Irish Coffee e é saborosa mas que acaba por ser uma contribuição quase de recurso nesta 34ª Trilogia. Café, claro, whisky, escocês de blend e de 12 anos (para mim a melhor escolha, já que mais novo fica a saber a pouco e mais velho ou single malt merece melhor sorte, como seja ser bebido a solo  - qualquer coisa como um Johnnie Walker black label ou equivalente serve às mil maravilhas) e para compôr o trio, leite condensado. Café a gosto, whisky a gosto e leite condensado a gosto, na cor, na marca, no tamanho, nas proporções que os canones se reservam para coisas mais importantes. Serve-se quente, morno ou gelado, ou com gelo. Ou como eu servi, com um pouco de hortelã picada. 


Feito assim a modos que às pressas, mas depois dum longo dia no Douro Superior, não deu para mais, que a paisagem é de cortar a respiração. E para a semana há mais.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Torta de Coco

Mais uma quarta feira, dia de trilogia com a Ana e o Luís. Desta vez coube-me a mim propor o tema e escolhi o coco. Deve ter sido a primeira vez que propus um tema a saber de antemão o que ia fazer. A minha torta de coco. Simples, tão simples que até dói.


Uma taça onde se vertem 500 g de açúcar, 6 ovos inteiros e umas 100 g de coco ralado. Bate-se até ter uma massa homogénea e vai ao forno pré aquecido a 170º C em tabuleiro de alumínio untado com manteiga e polvilhado com farinha de trigo durante cerca de um quarto de hora. Desenforma-se e enrola-se sobre um pano de cozinha polvilhado com açúcar. Serve-se preferentemente frio.


Cumpriu-se assim a 33ª trilogia. 33 semanas e 99 propostas. Vamos ver o que vai sair na próxima, a das 100 preparações.

domingo, 19 de junho de 2011

His Name is Lucas, Carlos Lucas...

Condessa de Santar, Conde de Santar, Paço dos Cunhas de Santar Vinha do Contador, CCCC (ou 4C ou FourC, não confundir com o CCCP, que era a sigla da URSS e é um espumante de Carlos Campolargo e Celso Pereira) serão dos vinhos mais cotados do Dão. E todos da Dão Sul e todos da equipa de enologia chefiada por Carlos Lucas. Para além disso, a Dão Sul ainda consegue a proeza de abastecer tudo o que é ponto de venda com o irritante Cabriz Colheita Seleccionada que até teve a distinta lata de levar 90 pontos da Wine Spectator. E custa € 2,99 em toda a parte. Isto deve causar muita azia a muita gente que depois vem dizer que os vinhos de Carlos Lucas são todos iguais, que são bem feitinhos e para agradar a gregos e a troianos e que não mostram ter personalidade, etc, etc, etc. E isso até pode ser verdade, mas a verdade é que nos vinhos brancos, o Condessa de Santar e o Paço dos Cunhas de Santar Vinha do Contador são dos melhores do Dão e por arrasto, de Portugal. E por arrasto, o Encruzado de Cabriz é bem capaz de ter uma das melhores relações qualidade/preço do mercado. E o Casa de Santar tinto e o Casa de Santar tinto Reserva idem. Todos vinhos a abater por qualquer produtor ou enófilo.


E tanto sucesso até a mim me provocou alguma azia quando vi o atrevido selo dos 90 pontos pespegado por cima do rótulo. É provocação. Então não é já este um dos poucos vinhos de 3 euros que se bebe bem? Era preciso ter 90 pontos? Pensando bem, 90 pontos por 3 euros sai a qualquer coisa como 3,3(3) centimos o ponto, o que raia a escandaleira. 
E o vinho? Alfrocheiro, Tinta Roriz e Touriga Nacional vinificadas separadamente. Feito o lote, estagiou 6 meses em meias pipas de carvalho francês e mais algum tempo em cave depois de engarrafado e antes de ser lançado para o mercado. Leve tosta, muita fruta vermelha no ponto, cor ruby de média intensidade, 13º de álcool, tudo muito certo e no ponto. Quase bom demais para ser verdade, mas é. Nem o caril de porco com que o acompanhei lhe fez mossa. Por 3 euros... His name is Lucas and he doesn' t live in the second floor...   


quarta-feira, 15 de junho de 2011

Iscas com Elas | Lóios Tinto 2010

Nesta nossa 32ª trilogia das quartas feiras, com a Ana e o Luís, o tema foi proposto por ele e foram vísceras. Por mim, fui-me aos fígados e a uma receita tradicional da nossa Estremadura, as Iscas com Elas, descritas na página 206 da Cozinha Tradicional Portuguesa de Maria de Lourdes Modesto, mas atento ao que sobre elas escreveu o Luís no blogue Comidas Caseiras. Comprei fígado de porco que pedi no talho para o fatiarem fino. Para meu azar, para o talhante, fino deve ser o Fernando Mendes e as minhas iscas sairam assim mais parecidas com uns escalopes ou uns bifes. Primeira e única contrariedade, mas nada dispicienda neste contexto.
Deixei as iscas a marinar com sal, pimenta, alho, louro e vinho branco e juntei um pedaço duma isca a que adicionei um pouco de vinagre e que ralei com a varinha. O tempo da marinada deverá ser algo como "de um dia para o outro", seja lá o que isto signifique, mas admitamos que umas doze horas será um tempo razoável.
Deitei banha de porco numa frigideira, deixei aquecer e alourei as iscas dos dois lados. Retirei-as e reservei-as e juntei o líquido da marinada à banha. Deixei ficar em lume vivo por uns minutos, juntei as iscas e deixei em lume brando até o molho adquirir a consistência desejada. Servi com batatas novas cozidas com a pele e com o delicioso molho das iscas.   


Escolher um vinho para acompanhar este prato não é tarefa fácil, pelo que joguei pelo seguro e escolhi um vinho tinto barato e fiável. Lóios de 2010 de João Portugal Ramos. € 2,98 de vinho com direito a uma garrafa com a assinatura do produtor em alto relevo. Um luxo... Mas é um vinho agradável e bem feito, perfeito para mariadar com a rusticidade deste prato, que, IMHO dificilmente se dará bem com vinhos mais profundos e complexos. Aqui, as iscas são as rainhas e o vinho está lá apenas para as acompanhar. 


E à data da 32ª Trilogia, este blog completou quatro anos e dez dias. Para o ano talvez haja bolo :)

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Prova de Cavas Juvé y Camps


A Garrafeira Tio Pepe tem estado em alta em termos de provas e na passada quinta feira, a 9/06/2011 havia uma prova de Cavas Juvé y Camps, da Catalunha (Penedés). Naturalmente imperdível, já que em Espanha se fazem muitas e boas bolhinhas e estas não conhecia. 

Começou-se por um Reserva de la Familia Cava 2007, um bruto natural, com 12º de álcool e feito com 30% de Macabeu, 40% de Xarel-lo, 20% de Parellada e 10% de Chardonnay. Para bruto natural faltava-lhe alguma austeridade, mas é indubitavelmente um vinho bem feito, elegante e que dá grande prazer a beber a solo. O preço (cerca de € 15,00) é que me deixou a pensar um pouco, já que ao preço haverá propostas mais tentadoras, embora este mereça prova mais atenta.
Depois provou-se um Brut Rosé de Pinot Noir, também com uns saudáveis 12º mas que não deslumbrou. Bem feito, certinho, mas a pedir comida para brilhar. Algo com salmão fumado, pensei eu na altura. A seguir no alinhamento, um Cinta Purpura Brut feito com 35% de Macabeo, 35% de Xarel-lo e 30% de Parellada, também com 12º e com estágio de 24 meses em garrafa. Gostei. Quer o rosé quer o cinta purpura rondam os € 13,00.
Para acabar, o topo de gama da casa, o Grand Juvé y Camps. Feito em partes iguais de Macabeu, Xarel-lo, Parellada e Chardonnay, também com 12º, mas com 42 meses de estágio em garrafa. Confesso que me deixou confuso. O aroma inicial a "rebuçado" não me deixou apreciar este espumante com a seriedade esperada. Voltei ao primeiro, ao Reserva de la Família, que acabou por ser o meu preferido.    


E depois, uma bela surpresa. Para além de bolhinhas, a casa tem um respeitável portfólio de tranquilos e provou-se o IOHANNES Reserva 2006. Merlot e Cabernet Sauvignon, 14º, muita mas boa madeira, um vinho sério, com tudo no sítio e que pode ser bebido agora ou daqui a uns anos. Muito correcto e elegante, merece prova, apesar dos € 35,00 que custa cada garrafa. 


domingo, 12 de junho de 2011

Frango em Vinho Tinto no Forno | Duorum 2008


Esta deliciosa (para mim, claro) preparação de frango é uma espécie de cruzamento da chanfana bairradina com o púcaro estremenho. Cortei um frango em pedaços e deixei a marinar em vinho tinto e alho esmagado de um dia para o outro. Pré-aqueci o forno a 170º C e meti o frango e respectiva marinada num púcaro de barro preto. Juntei uma cebola, um pouco de pimenta preta, sal e banha de porco e levei ao forno. Acompanhei com batatas a murro salteadas com grelos.


Acompanhei com um Duorum 2008, de João Portugal Ramos e José Maria Soares Franco. Tinto ruby violáceo, frutos vermelhos e mato, madeira no ponto, bebe-se com grande prazer. Douro de Ouro, um dos meus vinhos preferidos, abaixo dos € 10,00. 

quarta-feira, 8 de junho de 2011

O "Melhor" Bolo de Chocolate do Mundo

Nesta trigésima primeira trilogia, a Ana sugeriu o chocolate como tema. E para mim, o chocolate aparece associado sempre a uma sobremesa. E nada de chocolate light, cortes nos ovos ou no açúcar ou demais ingredientes que entrem na preparação. Terá que ser pura e dura e quem não aguentar que "arreie" ou que controle a gulodiçe. 



E fiz o meu bolo de chocolate. Sem receita. Teria que ter camadas e texturas diferentes para parecer bem, coisa de chef que apresenta "chocolate em 345 texturas, cada uma no seu ambiente" e no final sai uma fatia de bolo do dito e uma bola de gelado de baunilha (para os mais ousados, pode saír de café).

E fui muito frugal nas camadas. Uma de base, muito tuga, com bolacha maria, cacau em pó e um ovo para ligar, a fazer lembrar o salame de chocolate.
A segunda e a quarta foram de bolo de chocolate macio, feito com ovos, o peso dos ovos em açúcar, cacau em pó a gosto e um pouco de farinha de trigo. Foi cozer no forno a 170º C em tabuleiro untado com manteiga e passado por farinha. Ao fim de 20 minutos estava no ponto. Tirei do forno, desenformei e reservei, enquanto preparava a terceira e a quinta camada. Chocolate de culinária (gosto do termo, faz lembrar as natas para peixe) derretido em banho maria (ou no microondas) e bem batido com ovos inteiros (numa proporção de duzentas gramas de chocolate para seis ovos). 

Depois foi montar. A base do salame da casa, o bolo, o creme, mais bolo e mais creme. A preparação pecou um pouco ( mas está a rezar avé marias para se redimir) pela falta de crocância da base (as bolachas absorveram todos os líquidos e ficaram empasteladas). De resto, parece uma bela preparação. Acresce que o bolo foi levado para Ramalde e provado por muitos dos meus colegas de trabalho. Todos gostaram, por isso não deve ter ficado nada mau.




sábado, 4 de junho de 2011

Champagnes Egly-Ouriet

Egly-Ouriet é uma marca de Champagne que vai ser comercializada em Portugal. Dados sobre o produtor, a gama de vinhos, etc estão no link no início da frase. E estes champagnes foram apresentados hoje ao fim da manhã, na Garrafeira Tio Pepe.


O primeiro da prova, Les Vignes de Vrigny Premier Cru é um champagne feito com Pinot Meunier. Não é champagne para brindes, é um vinho sério e que pede comida. Talvez umas entradas baseadas em peixes fumados. 


A seguir provou-se o Brut Tradition Grand Cru, feito com Chardonnay e Pinot Noir. Ligeiro fumado, maior concentração, o companheiro ideal para umas ostras.

Para terminar, o Blanc de Noirs Grand Cru, feito apenas com Pinot Noir. Intenso e profundo, deslumbrante, é um grande champagne. Bom para qualquer ocasião desde que se tenham disponíveis os € 100,00 que custa cada garrafa. 



Em suma, são vinhos sérios e que pedem meças a outros de grandes produtores em termos de relação qualidade/preço. De realçar a aptidão gastronómica e a elegância. Grande prova.

Taínha no Forno


A taínha é um dos peixes mais mal amados do mercado, mas quando não sabe a petróleo é bem boa. Fica bem numa caldeirada, mas para mim, brilha assada no forno. Um fundinho de azeite num tabuleiro de barro, cebola, tomate, colorau, pimento, sal e pimenta e batatas previamente semi-cozidas. Leva-se ao forno a 180º C e ao fim de cerca de meia hora as batatas estão alouradas e a taínha está assada mas não seca.  




sexta-feira, 3 de junho de 2011

Mercedes, Puros, Ron Barceló, Tiago Sampaio, Olho no Pé e Folias de Baco @ Garrafeira Tio Pepe

Mercedez Gonzalez Vazquez faz parte da equipa de controle de qualidade da tabaqueira El Lagito e conta já com 27 anos de experiência a enrolar charutos. A sua especialidade é a vitola COHIBA BHK 56. Apareça e veja com os seus próprios olhos a arte de enrolar charutos e tenha o privilégio de fumar um puro acabado de enrolar.
Para acompanhar nada melhor que um rum e para esta ocasião temos o rum Dominicano premium BARCELÓ IMPERIAL.


Era este o texto do convite enviado pela Garrafeira Tio Pepe. Tentador e imperdível... E ontem, lá fui. 


Impressionante o rigor e a destreza a fazer os charutos.


Feitos à mão, com o auxilio de muito poucos utensílios.


Claro que provar um charuto destes, ainda por cima acabado de enrolar é uma experiencia única. E os Runs eram fantásticos. À direita um Barceló de sete anos e à esquerda o Imperial, de 10. E Imperial é ele, já que é um dos melhores do mundo (PVP de referência - € 35,00).

Pausa para respirar antes de uma prova dos vinhos do Tiago Sampaio. Folias de Baco é a empresa, Olho no Pé é a marca e as vinhas são perto de Alijó.




Começámos pelo Olho no Pé branco Grande Reserva 2009. Fineza e elegância conjugadas com vigor e muito boa acidez. Um belo branco do Douro a um preço muito interessante (€ 8,00). Em seguida provou-se o Olho no Pé Pinot Noir 2008. A cor pouco carregada e o aroma a morangos do Pinot aliadas a muita elegância e grande aptidão gastronómica, fazem deste vinho uma tentação, até pelo preço (€ 16,50). Por fim, o Olho no Pé Colheita Tardia 2009. Feito de vinhas velhas, tem 128 gramas de açucar por litro que a bela acidez compensa. Para foie gras, sobremesas à base de ovos ou para uma boa conversa. Guloso e tentador, está um belo colheita tardia. Curioso foi alguém ter pedido ao Tiago para fazer um vinho mau, mas isso parece que está fora do alcance dele...  




quarta-feira, 1 de junho de 2011

30 Trilogias | Esparguete com Legumes e Anchovas | Carolina 2010

10 rondas, 30 trilogias, 90 preparações. Números redondos nesta aventura iniciada a 10 de Novembro do ano passado, com a Ana, do blogue Cozinha com a Anna e o Luís, do blogue Outras Comidas. Para encerrar esta ronda, foi a minha vez de propôr o tema e que foi Conservas de Peixe. E a propósito, recomendo a leitura das conversas sobre conservas, no fórum da RV para não estar aqui a falar das enguias da Murtosa, das conservas Ramon Peña, da Tricana ou de outras marcas. Embora goste muito de conservas de peixe, não me imagino a fazer muitas preparações quentes. Um bom pão, maionese, atum, alface e um toque de pimenta e flor de sal fazem uma das minhas sandes preferidas. Ou atum, com feijão frade e um fio de azeite, com uma salada verde, ou uma salada russa são pratos de que gosto particularmente. Mas o mote para este prato foi dado pelo Luís, quando escreveu o seguinte neste post:

A anchovagem é um processo ancestral de conservação pelo sal que se prolonga por dois a três meses, durante os quais o peixe perde muita da sua água, fermenta parcialmente e ganha esse sabor estranho e pungente que aromatiza pastas, pizzas, carnes, saladas, molhos, sendo que alguns acham que é pivete a peixe podre e outros, como eu, que o consideram um aroma celestial.



Anchovas e massa, that´s it, pensei eu sem me lembrar do spaghetti alla puttanesca que afinal até foi a proposta do Luís nesta trilogia. E fiz o meu esparguete com anchovas. Pus esparguete a cozer até ficar al dente e noutro tacho deitei um fundo de azeite, alho, cebola e alho francês finamente laminados e espargos verdes fescos cortados em rodelas finas (reservei as cabeças) e deixei a confitar em lume brando. Juntei o esparguete, as anchovas (filetes de biqueirão) que tinha previamente demolhado, as cabeças dos espargos e um ar de pimenta preta e mexi com a colher de pau até envolver tudo. Desliguei o lume, esperei uns minutos e servi.


O vinho escolhido para acompanhar este prato foi um belo branco do Douro, o Carolina branco 2010 (a garrafa foi gentilmente oferecida pelo Luís Cândido). Já tinha referido aqui o de 2008 e aqui o de 2009. É um vinho feito na Quinta da Carolina pelo Enólogo Jean-Hugues Gros com Códega do Larinho, Viosinho e Rabigato, sem estágio em madeira. Cítrico e com algumas notas de frutos tropicais, é um vinho sério que conjuga boa acidez a boa frescura e alguma mineralidade. Bom corpo, pede comida e nesta edição de 2010 baixou o teor alcoólico para uns mais razoáveis 13,3º e parece ainda mais afinado/consensual do que o de 2009. O PVP na garrafeira Tio Pepe é de € 8,90, tendo por isso uma bela relação preço/qualidade.