sábado, 31 de julho de 2010

Sopa de Peixe | Loureiro PD 2009

A nossa tradição popular tem várias receitas de sopas de peixes. Feitas com peixes de rio na Beira Baixa, com peixe e mariscos em Setúbal, com cabeças de peixe no Algarve, constituem uma bela base para elaborar deliciosas preparações que podem variar com os peixes que se tiverem disponíveis. Esta não é inspirada em nenhuma preparação especial e levou apenas uma cabeça e uma posta de pescada e uma posta de corvina. Deitei água num tacho, um alho francês cortado fino, um ar de pimenta preta moída e um pouco de orégãos secos. Juntei o peixe e deixei ferver. Passado uns minutos retirei as postas que limpei de pele e espinhas e reservei. Deixei o caldo em lume brando durante meia hora e coei-o. Noutro tacho, deitei um fundo de azeite, uma cebola picada grosseiramente, dois dentes de alho esmagados e cortados e deixei confitar a cebola em lume brando. Juntei tomate cortado em pedaços pequenos, o caldo da cozedura do peixe, um pouco de vinho branco e deixei em lume brando cerca de vinte minutos. Juntei um pouco de massa - cotovelinhos - deixei a massa cozer al dente, juntei salsa picada, um pouco de vinagre de vinho e o peixe partido em pedaços. Desliguei o lume, deixei harmonizar sabores e servi. Esta sopa, saborosa e reconfortante, ganha em ser preparada com a maior variedade de peixes que se arranjar. Ruivo, Cação ou Cherne são peixes que acrescentam muito em termos de complexidade de sabores.

Para acompanhar esta sopa escolhi mais uma boa surpresa low-cost, um vinho verde feito pelo enólogo Carlos Teixeira na Quinta da Lixa de uvas da casta Loureiro para o Pingo Doce. Apesar de ter um pouco de agulha é fresco e muito bom nos aromas cítricos e tropicais. Por € 1,99 é uma boa escolha para esta sopa que pode funcionar como refeição ligeira.

Foie Gras Trufado e Quinta da Alorna Colheita Tardia 2006

Foie gras, trufas, caviar e ostras serão das iguarias mais apreciadas por qualquer gastrófilo. O Foie Gras, ou fígado gordo já era apreciado pelos antigos egípcios e pode encontrar-se quer na variante mais nobre, o fígado inteiro quer em bloco ou patê. Este veio de um bloco de fígado de ganso trufado, da Bizac e foi servido ao natural sobre umas fatias de pão levemente torrado. Uns tomates miniatura e umas laminas de maçã com um fio de azeite completaram o prato. Uma entrada simples e requintada que pede naturalmente um vinho de colheita tardia.      


Escolhi o Quinta da Alorna Colheita Tardia de 2006. Feito com uvas de Fernão Pires vindimadas em Outubro, tem 13º de álcool, 80 gramas de açucar/litro e estagiou nove meses em madeira. Um vinho honesto e bem feito, mas sem surpreender. Foi boa companhia para a comida...  

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Quinta da Alorna Rosé Touriga Nacional 2009

Com o calor que está, apetecem bebidas frescas. Nada de muito complexo ou exótico. Para variar da água ou da cerveja, um rosé sabe bem. Tinha provado este rosé de Touriga Nacional da Alorna há uns dois ou três anos e não tinha achado grande piada. Mas agora, na edição de 2009 melhorou e este rosé até foi muito bem notado pelo painel de provadores da Revista de Vinhos, com uns robustos 16 pontos. Para um vinho de 4 € é muito bom. Disseram ainda que "tem vigor e alma, o que não é muito habitual neste tipo de vinhos". Na verdade bebe-se muito bem...  

Entrecosto de Porco Preto no Forno com Esmagado de Batata | Quinta das Marias Cuvée TT Reserva 2005

Um entrecosto de porco no forno é uma das minhas preparações de carne preferidas. Seja na variante porco preto (como este, com um corte em que apenas se aproveita alguma carne à volta dos ossos, muitas vezes designado de piano e que também fica muito bem assado na brasa), seja na variante porco "normal", com a pele que fica deliciosamente crocante. Este ficou a marinar umas horas em vinho branco, alho esmagado e pimenta preta. Deitei tudo num tabuleiro de barro, adicionei um pouco de banha de porco (pouca, porque o porco preto tem imensa gordura) e levei ao forno a 130º C até a carne estar macia (pouco mais de duas horas) e subi a temperatura do forno aos 210º C (esta coisa das temperaturas e tempos varia de forno para forno, pelo que o que a mim me sai bem, pode saír um desastre noutro forno) até alourar a carne e reduzir o molho (cerca de um quarto de hora). Servi com um esmagado de batata que não é mais do que batata cozida esmagada com um garfo a que se junta um pouco de manteiga. Ao contrário do tradicional puré de batata que ganha em ser aromatizado com noz moscada, esta preparação apenas precisa de boa manteiga (usei a dos Lacticínios das Marinhas, uma bela manteiga que agora até se vende no Continente... Que luxo). Servi com uma salada de alface.  


Para acompanhar este prato, escolhi um vinho do Dão, do Sr. Peter Eckert. Depois de ter provado os brancos de Encruzado, provei pela primeira vez um tinto da Quinta das Marias. Este Cuvée TT Reserva 2005 é feito com Tinta Roriz e Touriga Nacional e estagiou em madeira até Maio de 2007. Boa estrutura, apesar de algo marcado pela madeira, 14,5º de álcool que não incomodam, equilibrado. O final é longo e delicioso. Falta-lhe (?) alguma austeridade dos Dãos mais terrosos, mas é um belo vinho. É pena ser difícil de encontrar. O preço à porta da adega rondará os € 15,00.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Quinta dos Aciprestes | Frango Assado

O Quinta dos Aciprestes era um dos meus clássicos do Douro há uns anos atrás. Depois deixei de o ver à venda. Agora voltou, está nas prateleiras do Pingo Doce. Bem feito e com uma boa relação qualidade/preço é, para mim um tinto a redescobrir.

Muito bom a acompanhar um frango no Forno, barrado com uma pasta de banha de porco, alhos pimenta e sal e com umas batatas novas com a casca. Simples e delicioso.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Quinta das Bágeiras Branco 1994


Há dezasseis anos atrás, nos idos de 1994 eu não ligava quase nada aos vinhos.

Há dezasseis anos atrás, o Mário Sérgio Alves Nuno tinha 28 anos e já levava cinco como produtor. O seu primeiro engarrafamento data de 1989, com o tinto reserva 1987 que lhe valeu um prémio do IVV. Ainda em 1989, com apenas 23 anos, recebe um prémio de mérito como "Jovem Agricultor". Em 1994 faz o seu segundo Garrafeira Tinto (depois do 1991 e antes do 1995, que viria a ser um dos ícones da Quinta das Bágeiras e um dos grandes vinhos Portugueses). Mas nesse ano de 1994, o Mário Sérgio produziu uns brancos... De Maria Gomes e de Bical, com algum Cerceal. Esse vinho acabou por ser escolhido pelo ModeraThor czater_xarax (o Luís Antunes, que nos intervalos das aulas ainda tem tempo para provar vinhos e ir a restaurantes e escrever sobre isso na RV) como um dos grandes brancos Portugueses. Um em 12. Na verdade, a escolha do Luís Antunes foi mais que certa e este vinho está fantástico. Pouco evoluído, mineral, não acusa a passagem do tempo. Pensar que ainda se pode comprar a menos de 5€ na loja da quinta, é quase uma afronta a vinhos que custam muito mais e já devem estar do outro lado. Para acompanhar, um bife da vazia, grelhado, com legumes cozidos e bom azeite. Aos dezasseis...  

Dão: The Next Big Thing - O Jantar

Dia 24 ao jantar... Depois do magnífico almoço, que acabou lá pelas seis e meia da tarde ainda houve oportunidade para provar outros vinhos. Contudo, a vontade já era muito pouca. Ainda assim, provei o espumante reserva Touriga Nacional da Quinta dos Carvalhais, o Encruzado 2009 e o Reserva tinto 2007 da Quinta dos Roques. O jantar ia ser na Quinta da Boavista, em Penalva do Castelo. Saímos de Viseu pouco depois das nove da noite, com 29º C, uma tosta... Felizmente em Penalva costuma estar mais fresco, e estava. 20º C, mesas postas no pátio semi coberto da quinta e o forno a lenha aceso.

Os vinhos do jantar eram, naturalmente, os da quinta. Terras de Tavares, os vinhos do nosso anfitrião, João Tavares de Pina. Começou-se com um síria 2009 de que já tinha ouvido falar, mas que ainda não tinha provado. Muito fresco e com uma bela acidez, foi uma bela companhia para a entrada, uma pasta de sapateira com camarão que estava deliciosa.


Depois da entrada, fomos espreitar o forno... Retirou-se a folha de alumínio aos tabuleiros e vá de voltar ao forno para alourar a carne.


Seguiu-se uma deliciosa sopa de peixe feita pelo João acompanhada com um varietal de Tinta Pinheira de 2009 em amostra de casco. Excelentes o vinho e a harmonização. 


Continuando nos tintos, provou-se outro varietal de Jaen e um Touriga Nacional, também de 2009 e em amostra de casco. A seguir veio o KAOS. Como ainda não sabiamos o que era, houve um engraçadinho que sugeriu que o vinho seria um blend dos vinhos que tinhamos bebido antes e que teria sido remisturado na cozinha... Não, era um blend, mas de uma vinha velha.


Acabámos com o Terras de Tavares Reserva de 1997. Um vinho com treze anos em muito boa forma. Quase apetece dizer que um dia os vinhos do Dão serão assim. Belo vinho, terroso, telúrico, elegante.


segunda-feira, 26 de julho de 2010

Dão: The Next Big Thing - O Almoço

Almoço num belo Salão do Clube de Viseu, com as mesas dispostas em "U" para 36 pessoas. Harmonização de vinhos do Dão... Sete vinhos brancos dos anos de 1971 a 2009 e outros sete tintos de 1963 a 2008, nove pratos preparados por Rodion Birca (sete, mais um intermezzo mais uma sobremesa) e sete peças da tradição erudita, europeia (seis, mais uma de Villa Lobos, mas Tellemann_x2, Albeniz, Mozart, Koechli e Chopin compuseram o alinhamento). Organização de José Carlos Sousa, José Miguel Amaral ao piano e as solistas Rita Tavares de Pina_x2 (flauta transversa), Patrícia Rodrigues (acordeão), Liliane Rodrigues Pereira (piano), Marina Correia (saxofone), Francisco Agostinho (guitarra) e Anícia Pinto da Costa (piano). Agradecimento do João Tavares de Pina ao Conservatório Regional de Música de Viseu, mais que merecido.



Tudo a postos para o almoço, sob o olhar atento do João Tavares de Pina, que queria, como todos nós que fosse memorável, naturalmente.


Começaram por ser servidos o Verdelho da Quinta das Maias 2009 e o Primus 2007, de Álvaro de Castro.


Luís Lourenço a falar do seu "Verdelho". Gostei muito do Primus 2007 do Álvaro de Castro, mas para acompanhar a comida, o Verdelho das Maias esteve uns furos acima do aristocrático Primus; o Verdelho para a mesa, o Primus para os concursos (o que não quer dizer que não o queira provar outra vez, de bom que era). Mais tarde, quando o Luís Lourenço veio servir um vinho do CEN balbuciei algo como: foi este tipo que fez o verdelho, não foi? ainda bem que vim precavido, tenho um pacote de vinho branco no bolso. o luís lourenço disse que sabia que eu ia estar e naturalmente trouxe os piores vinhos da casa. Bela resposta por parte de um dos grandes produtores do Dão, mesmo sabendo (ele) que sou grande fã...


O primeiro prato foi Requeijão de Ovelha com Agridoce de Tomate e Agrião.


Os vinhos seguintes vieram da Quinta dos Carvalhais (um Encruzado de 1998) e da Casa de Darei (grande escolha 2007). O Encruzado dos Carvalhais deixou (duvidosas e pleonásticas) dúvidas acerca da sua boa saúde ao fim de quase doze anos, mas nada que faça perder o desejo de provar a edição de 2009. Continua a ser uma referência dos brancos do Dão. Já o Darei, comportou-se muito bem, como seria de esperar. 


Servindo os vinhos... Manuel Vieira não queria que faltasse nada.


A Joana Pais falou do Encruzado dos Carvalhais...


O prato... Sardinha alimada com pimento confitado. Excelente a sardinha, em muito bom tom as sementes de coentros. Deliciosas nessa preparação.


Terceiro momento... Hora de provar brancos do CEN... 1971, 1980, 1992.


Luís Lourenço a servir o 1980... É assim que se redescobre a paixão pelo vinho, acho...


Joana Pais, again...


Os três vinhos nos copos. 1971, o mais adorado, 1980, o mais apto para acompanhar a comida (imho) e o 1992 a dar boa conta, mas sem deslumbrar.


O prato era um folhadinho de queijo da Serra, mel e alecrim...

Entrada nos tintos... Quinta da Fonte do Ouro Touriga Nacional 2008, by Nuno Cancella de Abreu e o Quinta da Bica reserva 2005. Um "tourigo" novo e um clássico... Quem ganha? Ninguém.


O prato foi um crocante de Morcela da Beira, emulsão de Abacaxi e redução de Balsâmico.


Depois do prato, uma saudável discussão em torno dos perfis do vinho do Dão. Charles Metcalf defende os dois estilos. O clássico e o "idiossincrático". O clássico para garantir a estabilidade económica e as "experiências" para levar o Dão ainda mais longe... 


Momento de paz... Consommé de codorniz, Croutons de Gengibre e ervas Aromáticas...





Hard time of the day... Um vinho do João Tavares de Pina ao lado dum monstro do Dão. O Falorca Garrafeira 2003 é um dos melhores vinhos do Dão. O reserva 2003 do João acabou por ser um bom parceiro para o prato seguinte. Vivam os vinhos garrafeira do Dão e os que o JTP reserva...



Time to JTP falar dos seus vinhos... Gostei. 



O prato tinha almondegas de lebre, esmagado de batatas e espinafres frescos... Gostei.

Time to taste old DAOS... 1970 e 1971...




Nuno Cancella de Abreu a ser muito mais que simpático e a servir o vinho...


Para um Arroz de Polvo com escalfado de ovo de codorniz e emulsão de coentros... Estava bom, tirando os coentros... mas isto é a minha embirração com coentros a falar...


The Grand Finale... Dão Touriga Nacional 1963... Um dos vinhos do século XX para João Paulo Martins. Uma MasterPiece do Eng. Vilhena, um vinho com mais de 15º que deve ter sido imbebível durante muito tempo. Veludo, seda... não há palavras.


Com um lombinho de Bacalhau suado em borras de tinto...


Depois de provar este vinho, não havia espaço para qualquer outro, tirando um colheita tardia da Quinta dos Carvalhais que tardava em aparecer para acompanhar este pudim do Abade de Priscos...


Em conclusão, não é preciso dizer muito... Um Almoço inesquecivel...

Dão: The Next Big Thing - O Início


Dia 24, 10 da manhã... Rumo ao belo Solar do Vinho do Dão, antigo Paço do Fontelo, onde está instalada a Comissão Vitivinícola do Dão, num dia que se adivinhava quente. Antes do almoço estava prevista uma sessão de provas com alguns dos produtores da região, antes de rumarmos ao Clube de Viseu para o almoço.





Tudo muito sossegado, afinal era sábado de manhã.


Passado algum tempo os produtores começaram a chegar com os seus vinhos.


Paul White e Charles Metcalf numa sessão de prova.


O ambiente da prova, com vinhos da Casa de Mouraz, Quinta da Vegia, Quinta do Cerrado, Quinta do Perdigão, Vinha PazVinícola de Nelas. Gostei muito de alguns dos vinhos em prova, nomeadamente o branco de 2009 da Casa de Mouraz e o branco reserva da Quinta do Perdigão. Muito interessante também o rosé da Quinta do Perdigão. Nos tintos gostei muito do Vinha Paz colheita 2009 e do Quinta da Vegia Reserva 2007. É pena que muitos dos bons vinhos do Dão sejam tão difíceis de encontrar no mercado...