sábado, 17 de setembro de 2011

Bétula 2010 e a Surpresa das Sardinhas

O Bétula é indubitavelmente um dos (muito) bons vinhos brancos do Douro. Francisco Montenegro decidiu meter castas estrangeiras no seu a que chamou Bétula e a que não pode (ainda) chamar Douro (é regional duriense) e calma e paulatinamente meteu esse vinho de Viognier estagiado em madeira e Sauvignon Blanc descansado em inox (50% de cada) ao lado dos melhores e feitos com as castas tradicionais (como o seu - dele - Aneto). O 2008 foi o primeiro, eu gostei muito, houve quem não lhe tenha achado grande piada, mas isto de gostos, cada um tem o seu e o 2009 foi aclamado quasi unanimemente como um dos melhores vinhos brancos do douro e desse ano. A terceira edição, a de 2010, chegou de surpresa: 2 garrafas para provar e dar nota. O desejo de o provar asinha é grande, naturalmente e como tenho feito, volto a provar e segunda lá para março do ano que virá, se não nos declararem extintos (mas mesmo extintos, receberemos contas da Madeira para pagar nos próximos 234 anos). Mas para o provar, era preciso um prato de comida. 

Creio que o bétula acasala bem com muitos pratos (e não é por ser gastronómico, gastronómica é a núria madruga, o vinho limita-se a ter uma boa capacidade de se imiscuir em muitos pratos, desde que bem escolhidos) e eu pensei em fazer uma acasalagem com as nossas sardinhas, gordas e do mar, ao contrário das percas do rio e dos salmões, robalos e demais peixes do viveiro. 

Salta uma sardinhada urbana... Sardinhas no forno, já que não há fogareiro. Sardinhas amanhadas, escamadas e decapitadas. Temperei-as com sal, passei-as por farinha de milho e deitei-as num tabuleiro de barro sobre cama de cebola, pimento vermelho em tiras e um generoso fio de azeite. Forno pré-aquecido a 180º C e o tabuleiro lá dentro durante 20 minutos, tempo para as sardinhas assarem e o pimento aromarizar o azeite. A cebola ficou confitada e ainda crocante.     


Para acompanhar, batatas novas, cozidas com a sua pele (delas) e regadas com um fio de bom azeite em cru. Excelentes as sardinhas e excelentes as batatas e excelente o azeite. 3 excelências.


Mas tão bom como o prato, estava o Bétula e terei que dizer que a acasalagem funcionou bem. O vinho ainda está muito novo, começa com notas de baunilha da barrica do Viognier, continua com notas cítricas e evolui para notas mais tropicais de ananás e lichias, pelo meio vai cheirando a rama de tomate, mas sempre bem composto.
Creio que esta é uma bela aposta de Francisco Montenegro. Um vinho fora das "regras" do douro que mete em sentido muitos outros. E tem uns invejáveis 12,5º de álcool. E parece-me que irá evoluir muito bem em garrafa. Como esta é a primeira nota de prova, fico a aguardar as outras. Mas gostei muito :)

3 comentários:

  1. E arranjaste uma bela maneira de matar saudades de sardinhas assadas... estão lindas!
    Beijinhos.

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  2. Macacos me mordam se não vou experimentar estas sardinhas...

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  3. Farinha de milho?! V. é açoriano? ;-)
    A sério, nos açores, muito caracteristicamente, todo o peixe frito é passado por farinha de milho, não de trigo. E faz toda a diferença.

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